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Ler a ouvir, ou apenas preguiça?

Dezembro 10, 2006

Desde que ouvi, faz já muitos anos, um relato de que no estrangeiro se ouvia livros, que fiquei chocado. Sempre disse para mim que ouvir umas cassetes com um gajo a ler o livro, em vez de o ler na realidade, era um tremendo acesso de preguiça. Quem raio se lembra de ouvir um livro. Música ouve-se, cinema vê-se e como é óbvio, os livros lêem-se.

Mas o mundo dá tantas voltas e mais uma vez fui sugeito a uma nova tentação. E mais uma vez provocada pela minha namorada. Na passada quarta feira após muita insistencia, resolvi saca, do site do autor e de forma legal, o conto The Price do Neil Gaiman, em formato audiobook. Como já era tarde, passei o ficheiro para o leitor de MP3, e pensei que no dia a seguir lá ouviria calmamente na minha habitual viagem de quarenta minutos de autocarro. Mas tentar escolher, antes das sete da manhã, entre uma boa leitura (nem que seja ouvida), ou mais quarenta minutos de sono, torna-se uma decisão difícil. Ao fim do dia, na viagem de volta, consegui tempo para experimentar esta nova forma de leitura, ou como lhe queiram chamar, e entretive-me ao som da voz do próprio Neil Gaiman.

Foi uma experiencia diferente, mas bastante agradável. Especialmente pela boa dicção do autor, e do ritmo algo lento a que ele leu. O conto em si era uma delicia, mas isso vindo de Gaiman não é novidade, a surpresa foi ao fim de ouvir aquilo, ter achado que era uma boa solução para a vida que vivemos hoje em dia. Falo dos audiobooks, não do conto em si, visto não gostar especialmente de gatos. Uma pessoa nos transportes públicos, ou nas caminhadas que faz no dia a dia, tem alguma dificuldade em arranjar espaço e tempo para ler confortavelmente. Eu já li dezenas de livros no autocarro, mas nem sempre se consegue abstrair de tudo o que está à volta, coisa que com um leitor de MP3 com o volume bem alto, se torna mais fácil.

Claro que nem tudo são rosas. Já adquiri alguns audiobooks no processo, mais especificamente o Hobbit de Tolkien, o volume 10 de Whell of Time de Robert Jordan, e o Heart of Darkness de Joseph Conrad, e nem todos têm a maneira de ler que mais aprecio. No caso do do Jordan, que estou a ouvir nas minhas viagens agora, a voz dos leitores americanos é muito mais rápida que a do Gaiman, o que me custou a adaptar. Mas as suas entoações, e pessoas de sexos diferentes conforme o ponto de vista das personagens, compensa grandemente.

Para quem quiser dizer bem ou mal, visite o site do Neil Gaiman, saque o conto The Price (seguindo este link http://www.neilgaiman.co.uk/audio/theprice.mp3), e digam de vossa justiça. Nem todos os olhares marcianos têm de ser lidos, se calhar até um dia vão ter o Olhar Marciano lido, por mim…

15 comentários

  1. Eu continuo a não aderir a isso, audiobooks não é a forma de “ler” que eu quero. Ler não só exercita a nossa mente como também nos melhora a nossa ortografia porque ao lermos varias vezes um texto correcto passamos a saber escrever correctamente… Não substitui o acto da escrita em si mas sem ler é impossível escrever correctamente e até o oposto é um pouco verdade.

    Agora PodCasts de qualidade, isso sim acho bastante interessante de ouvir. Já inumeras vezes me vi tentado a partir a rir sozinho no autocarro graças aos podcasts do Nuno Markl que ia ouvindo no meu pobre N-Gage. Só não oiço mais por falta de facilidade em faze-lo (como só tenho um n-gage e esta não é reconheçida pelos leitores como um dispositivo MP3 mas sim como um disco externo…)


  2. Engraçado falares em audiobooks, logo no dia a seguir a eu ter visto à venda na Fnac a versão audio do livro português “O Codex 632”. Sim, estava lá, mesmo em cima da versão de papel, e tinha 16 cds (!!!). Não sei quem o declamava pois estava com pressa e nem lhe peguei, mas assim que o vir de novo vou saber mais sobre ele.

    Partilho a opinião de que um livro é para ser lido, mas acho que um dia destes vou ouvir pelo menos um, em inglês para treinar o meu ouvido e dicção. Se calhar pode ser uma boa ajuda nesse sentido, e ainda se ouve um bom livro. Para mim o atrofio é que a atenção que deve ser necessária é alta, e eu estou habituado a ouvir música e não me preocupar muito com o que ouço. Obriga a mudar completamente hábitos enraizados.


  3. Uma das grandes vantagens, ainda não referida aqui, dos Audiobooks, é quão são uteis para cegos. De certo que há maior facilidade de ler um livro, criando um audiobook, do que escrevê-lo em braille, o que aumenta bastante a quantidade de livros que possam haver disponiveis, para quem, ao contrário de nós, não pode usufruir da forma tradicional de ler.

    E porque não, todos usufruirmos deles? Pessoalmente, nunca ouvi nenhum, mas até sou capaz de tentar. Dependendo muito da forma como é recitado (como bem disseste), até é capaz de ser agradavel. Não sei se não consegue ser melhor do que ler em pdf, por exemplo… Mas claro que não substitui o livrinho.


  4. A leitura órfã de papel faz-em espécie. No entanto, confesso que também um dia destes não resistirei às vontades da tecnologia e experimentarei um desses audibooks.
    Mas não há nada como tê-lo nas mãos, o livro.


  5. Sara,

    um bom Natal para ti 🙂


  6. Ups, troquei os blogs 😉 Bruno, um Ntal supeerrr Feliz para ti.


  7. Pois, Têm todos muita razão quando dizem que “um livro deve ser lido”, em papel, à boa maneira antiga, eu também adoro ler, mas a verdade é que hoje em dia apanhamos secas descomunais, quer em autocarro, quer, no meu caso, no trânsito, e os audiobooks oferecem uma boa variante aos CD’s musicais. Eu também fui empurrada, tal como tu, mas estou a adorar o “The Hitchhiker’s Guide to the Galaxy: Complete Radio Series”, é fantabulástico!


  8. “Mas o mundo dá tantas voltas e mais uma vez fui sugeito a uma nova tentação.”

    epa, desculpa lá mas vi um erro ortográfico xD “sugeito” escreve.se “sujeito” *


  9. NA MINHA OPINIÃO O LIVROS DEVEM SER LIDOS E NÃO OUVIDOS, MAIS PARA QUEM ETÁ EM AUTOCARROS SERIA UMA BOA OPÇÃO.
    PARA AS PESSOAS QUE NÃO TEM TEMPO DE LER UM LIVRO OS AUDIBOOKS É UMA BOA OPÇÃO, MAS PARA AQUELES QUE NÃO FAZEM NADA E POR PREGUIÇA PREFEREM OUVIR DO QUE LER, ISSO É FALTA DE VERGONHA NA CARA
    :p bjus pra todo mundo
    lohraine 15 anos…


  10. ops esqueci*os livros* um pequeno erro é que o teclado não pegou sorry


  11. ops esqueci*os livros* um pequeno erro é que o teclado não pegou sorry


  12. “(…) Música ouve-se, cinema vê-se e como é óbvio, os livros lêem-se. (…)”

    Li até aqui, não li mais, confesso.

    E… sabes porquê?, porque tu não fazes a mais pequena ideia do que seja LITERATURA.

    By the way, Kafka não é gótico. 😉


  13. eu cá faço a mesma viagem qe tu todos os dias e sei que é uma grande seca e recorro ao belo do livro para me distrair mas há sempre aquelas pessoas barraqueiras ou pessoas que gritam ao telefone ou mesmo apenas barulhinhos de fundo irritantes que fazem com que não consigamos disfrutar tão bem quanto queríamos do livro. Digo isto porque acabei de ler A Irmandade do Anel só em viagens de autocarro e não consegui nem fixar bem os pormenores da história nem visualizar a maior parte dos cenários. Já saquei o audiobook do Neil Gaiman que não conhecia e vou experimentar ouvir =)


  14. Já ouvi um bocado do The Hobbit e apesar de estar muito bem lido simplesmente não consigo apreciar a historia como se estivese a ler eu própria (até senti a falta de mexer no papel e virar as páginas xD), acho que vou ficar-me pelo método tradicional =)


  15. Olá,
    Sobre os audiobooks, tem um lugar muito legal para encontrar audiobook http://www.tempolivro.com.br
    Tem vários títulos lá!
    Abs,
    Rodrigo



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